Pre-loader
Folclore Croata | Croatia Sacra Paulista

Folclore

Folclore é o conjunto dos costumes, e manifestações culturais de um determinado povo. Tradição popular, pode se manifestar em diversas formas, como as roupas, as músicas, os instrumentos musicais e utensílios, as cantigas e contos populares. Estudiosos apontam que cada povo apresenta seus elementos folclóricos determinados por sua história e ambiente natural. Com os croatas não poderia ser diferente.

As peculiaridades da geografia e da história da Croácia (que você pode conhecer aqui, geografia e história) possibilitaram o desenvolvimento de manifestações culturais muito diferentes em um espaço relativamente pequeno. Assim é possível se falar em folclore da Panônia (subdividido em Zona Alpina (Zagorje) e Eslavônia) e em folclore da Dalmácia (subdividido em Alpes Dináricos e Costa Adriática). Em todas essas regiões é possível encontrar as especificidades da identidade croata, bem como as marcas das interações com os povos vizinhos.

As trocas com os povos vizinhos são muitas vezes pacíficas fruto da proximidade geográfica, sendo produzidas por atividades como o comércio, por trocas simbólicas e casamentos. Vale dizer, por exemplo, que se na Panônia é possível constatar a influência húngara, no sul da Hungria também é possível verificar a influência do folclore croata.

Em outros casos, as experiências de troca são determinadas pelas conjunturas históricas, em que as guerras ou imposições políticas catalisam alguns tipos manifestação cultural. Por exemplo, a Sinjska Alka não seria possível sem a vitória militar dos croatas sobre os turcos em 1715, afinal o torneio equestre pretende comemorar justamente essa vitória. Todos os anos, em 15 de agosto, o centro da cidade de Sinj se transforma em uma pista de 160 metros pela qual passam cavaleiros à galope, com o objetivo de acertar com uma lança o pequeno alvo, a Alka, pendurado no alto da pista. Os competidores, todos oriundos das imediações do rio Cetina, perto da cidade de Sinj, devem se apresentar usando trajes baseados nos uniformes militares do século XVIII (assim como as lanças) e montar cavalos devidamente preparados com adornos e arreios similares aos utilizados na época. A população da cidade se veste com trajes folclóricos para participar das cerimônias relacionadas ao festival.

Os trajes folclóricos, narodne nošnje (no plural), são peças fundamentais na definição da identidade popular croata e por isso são muito estudados. Objetos de orgulho pessoal e coletivo, são muitas vezes produzidos pelos próprios usuários que utilizam técnicas passadas de geração a geração.

Muitas vezes são utilizados em festividades e eventos cívicos. As tranças (pleter), os modelos, os cortes dos tecidos, os bordados, as rendas, os calçados, colares, brincos e toucas são muito estudados pelos etnógrafos e folcloristas e são fonte de inspiração para outras manifestações artísticas croatas, ecoando na sociedade e evitando que o material folclórico se torne congelado.

A organização geográfica da Croácia ajuda a agrupar as manifestações culturais em graus de similaridade. Assim, por exemplo a Costa Adriática apresenta certo grau de unidade na música e na indumentária, apesar das diferenças que podem ser observadas dentro da própria Costa Adriática.

Estudiosos do folclore croata dedicam muitas horas de estudo documentando e contrastando as variações que podem surgir entre aldeias muito próximas.

Pode ser muito difícil – para quem está pouco familiarizado – perceber diferenças entre motivos folclóricos de aldeias pouco distantes, mas não é tão difícil verificar as diferenças entre as duas grandes regiões, Panônia e Dalmácia, e aprimorar a percepção pouco a pouco.

Na Panônia, os trajes são muito ricos em adornos e elementos decorativos. Geralmente as mulheres usam vestidos de algodão longos e mangas volumosas. Dependendo da região, há o uso de jaquetas, adornos de cabeça ou véu, com diversos desenhos e padrões. Os bordados de várias cores e temas podem ocupar diferentes partes dos trajes. Os calçados são muitas vezes botas de cano curto, cujos desenhos variam em cada região.

Os trajes masculinos costumam ser sóbrios, com uso de botas de cano longo, calças brancas ou pretas, camisas com mangas volumosas e coletes pretos que podem apresentar bordados ou detalhes em vermelho. Também podem ser confeccionados com tecidos de padrões florais diversos. Cintos de couro preto ou faixas com as cores da bandeira da croácia também estão presentes. Diversos tipos de chapéu com abas completam os trajes.

A música da Panônia geralmente é executada por conjuntos de cordas, compostos por contrabaixo, violão (de vários tipos), viola, violino e a tradicional tamburica, espécie de cavaquinho de pescoço longo e som agudo. As danças de roda, kolo, ocorrem em festas e casamentos, e os passos básicos podem ser desenvolvidos em coreografias e figuras complexas. Todo tipo de pessoa pode participar do kolo, desde que consiga dançar no ritmo da roda. As canções costumam tratar da primavera e da fertilidade.

Na Dalmácia, os trajes femininos costumam apresentar caimento reto e bordados com desenhos geométricos. Na Costa Adriática os vestidos tendem a ser lisos e leves, mais adequados ao clima quente. Algumas vezes as saias com pregas apresentam faixas coloridas que produzem um belo efeito quanto são rodadas durante a dança. Sapatos com saltos baixos ou mesmo sandálias são comuns. Para os homens, camisas brancas com calças ajustadas retas e jaquetas, em geral pretas, e cintos ou faixas coloridas.

Nos Alpes Dináricos, a roupa feminina é dominada por padrões geométricos nos aventais e nas saias, com uso de calçados de couro baixos e com padrões de tiras. Lenços e adornos de cabeça são complexos, indicando o estado civil da mulher que os veste. Os homens usam calçados em couro trançado, calças largas na coxa e ajustadas na canela, coletes muito adornados com elementos em vermelho e dourado e jaqueta pesada elaborada com algodão cru ou peles de animais.

Na Costa Adriática, a música se caracteriza pela klapa, conjunto vocal masculino à capela. O bandolim é muito comum na música instrumental. Nos Alpes Dináricos há presença de instrumentos bastante exóticos, com diversos tipos de flautas, gaitas, entre os instrumentos de sopro e instrumentos de corda tocados com arco, como a gusla (com apenas uma corda) e a lijerica (com três cordas). Danças em grupo são comuns, algumas comandadas por um narrador, como em uma quadrilha. Outras danças são realizadas sem acompanhamento musical, apenas com o som das batidas dos pés dos dançarinos.

A Dalmácia apresenta áreas remotas, onde algumas manifestações culturais muito antigas foram preservadas graças ao isolamento geográfico de ilhas de difícil acesso e vales remotos nas montanhas. Também é importante lembrar que as populações croatas na Bósnia e na Herzegovina também valorizam e preservam suas tradições culturais fartamente documentadas.

A riqueza do folclore croata é sustentado pelo constante exercício que o povo faz de suas raízes. Além dos estudiosos do folclore, pessoas comuns participam de grupos folclóricos amadores em suas aldeias, transmitindo as tradições culturais para os mais jovens. Há uma série de eventos regionais de dança e de canto, concursos de trajes folclóricos, e outros eventos. É bastante comum que o grupo folclórico de uma aldeia seja convidado a participar de uma festividade que ocorre em uma aldeia de outra região, promovendo assim o intercâmbio cultural entre partes diferentes do país.

Grupo LADO no Museu do Ipiranga, 2000

Grupos nacionais amadores, como o “SKU Ivan Goran Kovačić”, composto por estudantes, tem estrutura para divulgar a diversidade do folclore croata pelo mundo em apresentações que contemplam danças, músicas e figurino de todas as regiões da Croácia. O grupo visitou o Brasil em 1994, participando de festivais de folclore e realizando várias apresentações na Croatia Sacra Paulistana.

LADO é o Conjunto Folclórico Nacional Croata, grupo profissional dedicado a divulgação do folclore croata pelo mundo. Fundado em 1949, além de excelentes dançarinos, coreógrafos, maestros, instrumentistas e cantores, o LADO conta com uma grande equipe de artesãos, folcloristas e etnógrafos que buscam e registram as mais diversas manifestações culturais do povo croata. As apresentações do LADO servem de referência para grupos amadores dentro e fora da Croácia, influenciando positivamente a preservação da cultura croata. O grupo visitou São Paulo no ano 2000.